Quem acompanha o noticiário econômico ou mesmo vai ao mercado de câmbio já percebeu: o dólar tem oscilado com bastante intensidade em 2025. Em um mesmo mês, a moeda norte-americana chegou a variar mais de 10%, afetando desde as importações até o preço de produtos no supermercado.
Mas afinal, o que está provocando tanta instabilidade na cotação do dólar? Este artigo analisa os principais fatores por trás das flutuações recentes e o que isso representa para investidores, consumidores e para a economia brasileira como um todo.
Entendendo a variação do dólar
Antes de tudo, é importante lembrar que o valor do dólar em relação ao real é definido pelo mercado — ou seja, pela relação entre oferta e demanda. Quando há mais pessoas querendo comprar dólares (por exemplo, para importar ou investir fora), a moeda sobe. Quando há mais entrada de dólares no país (por investimentos estrangeiros, por exemplo), ela tende a cair.
Em 2025, diversos fatores têm atuado simultaneamente para gerar esse sobe-e-desce.
1. Política monetária nos Estados Unidos
O principal fator global por trás da volatilidade cambial é a política de juros do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Ao longo de 2024, o Fed subiu os juros para conter a inflação, tornando os títulos norte-americanos mais atrativos para investidores do mundo todo.
Isso gerou uma migração de capital para os EUA, pressionando moedas emergentes como o real. Agora, em 2025, com sinais de que os juros podem começar a cair, há uma inversão parcial do movimento — o que também provoca instabilidade.
2. Incertezas políticas no Brasil
A política interna também influencia diretamente a confiança dos investidores. Em 2025, o Brasil passou por momentos de tensão relacionados a reformas econômicas e à condução fiscal do governo federal.
Apesar do novo arcabouço fiscal estar em vigor, dúvidas sobre sua implementação prática e sobre a capacidade do governo de cumprir metas têm provocado incertezas. Quando o mercado sente risco fiscal, o dólar sobe como proteção.
3. Intervenções do Banco Central
O Banco Central do Brasil tem atuado esporadicamente no câmbio, vendendo reservas internacionais ou realizando leilões de swap cambial. Essas intervenções têm efeito temporário, mas muitas vezes são mal interpretadas pelo mercado, gerando mais volatilidade.
Além disso, as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à taxa Selic influenciam diretamente o apetite por ativos brasileiros — e, por consequência, o fluxo de dólares no país.
4. Preços das commodities
O Brasil é um grande exportador de commodities como soja, minério de ferro e petróleo. Quando o preço dessas mercadorias sobe, entram mais dólares na economia brasileira, pressionando o câmbio para baixo.
Porém, em 2025, o cenário internacional tem sido instável, especialmente por conta da desaceleração da economia chinesa. Com menos demanda global, os preços dessas commodities caíram, o que reduziu o volume de dólares entrando no país.
5. Expectativa x realidade
Outro fator que pesa é a expectativa do mercado. Muitas vezes, o dólar oscila mais por especulação ou incerteza do que por fatos concretos. Em um cenário de alta volatilidade, pequenos sinais — como uma fala de um ministro ou uma decisão judicial — podem provocar movimentações expressivas no câmbio.
Como isso impacta o brasileiro?
A oscilação do dólar afeta a vida do cidadão comum de várias maneiras:
- Produtos importados (eletrônicos, carros, remédios) ficam mais caros quando o dólar sobe.
- Combustíveis também são impactados, já que o petróleo é cotado em dólar.
- Inflação tende a subir com a alta do câmbio, reduzindo o poder de compra.
- Empresas exportadoras, por outro lado, se beneficiam do dólar alto.
Para investidores, a volatilidade pode representar oportunidade, mas exige cautela e diversificação.
Conclusão
O dólar continuará sendo uma variável sensível em 2025, influenciado por fatores internos e externos. Entender os mecanismos por trás das flutuações é essencial para tomar decisões mais conscientes — seja no orçamento pessoal, nos investimentos ou nos negócios.